O Perigo da Busca Pela “Imagem Perfeita”: Quando a IA Afeta Nossa Saúde Mental

No mundo moderno, a busca incessante por uma “imagem perfeita” ganhou uma nova aliada: a Inteligência Artificial (IA). Cada vez mais, as pessoas recorrem a essa tecnologia para criar projeções de como serão no futuro, impulsionando uma tendência preocupante. Especialistas alertam que essa brincadeira aparentemente inocente pode desencadear problemas de saúde mental em seus usuários, especialmente o chamado “Transtorno Dismórfico Corporal”.

O cirurgião plástico Regis Milani, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, revela que esse transtorno psicológico é caracterizado pela obsessão pela aparência, onde as pessoas passam a dar importância exagerada a defeitos que podem ser imperceptíveis para os outros. Surpreendentemente, as redes sociais desempenham um papel crucial nesse processo, tornando-se um gatilho para a condição.

“Nas redes sociais, as pessoas são expostas a imagens que reforçam padrões muitas vezes inalcançáveis para elas, o que pode levar à frustração por não se enquadrarem nesses estereótipos. Estudos mostram que indivíduos ansiosos, perfeccionistas, tristes, inseguros, com baixa autoestima, tendência à solidão, introspectivos e obsessivos são mais suscetíveis a desenvolver essa condição”, explica Milani.

O resultado é que essas pessoas, atormentadas por suas “imperfeições” percebidas, acabam buscando refúgio em procedimentos cirúrgicos, tratamentos dermatológicos e odontológicos. Contudo, essa busca por correções estéticas pode se tornar uma obsessão perigosa.

“O indivíduo tende a se tornar cada vez mais preocupado e insatisfeito com sua aparência, desejando realizar cirurgias atrás de cirurgias, o que, por consequência, pode prejudicar seu desempenho no trabalho ou estudos devido à tristeza e ao descontentamento”, alerta o especialista.

A chave para evitar esse distúrbio é aprender a aceitar e respeitar o próprio corpo, escapando dos padrões irreais apresentados nas redes sociais, que nem sempre condizem com a realidade. É essencial ressaltar a beleza natural e abraçar a diversidade, compreendendo que a perfeição é uma ilusão difícil de alcançar.

Além do Transtorno Dismórfico Corporal: Outros Transtornos Relacionados à Busca Pela Aparência Perfeita

A busca incessante pela aparência perfeita também pode levar a outros transtornos de imagem e alimentares, como a anorexia nervosa e a bulimia nervosa. A psicanalista e docente no curso de Psicanálise e Pós-Graduação do Núcleo Brasileiro de Pesquisas Psicanalíticas, Elizandra Souza, alerta sobre esses problemas:

  • Anorexia Nervosa: Nesse transtorno alimentar, a pessoa tem uma percepção distorcida do próprio corpo, acreditando que está acima do peso, mesmo quando está abaixo do peso saudável.
  • Bulimia Nervosa: Outro transtorno alimentar caracterizado por episódios recorrentes de compulsão alimentar, seguidos por comportamentos compensatórios, como induzir vômitos ou praticar exercícios excessivos para evitar ganhar peso.

Além disso, existe a vigorexia (também conhecida como Transtorno Dismórfico Muscular), caracterizada pela preocupação excessiva com a falta de massa muscular, levando a exercícios físicos compulsivos, uso de suplementos e dietas restritivas para aumentar a massa muscular.

Outros transtornos relacionados incluem a ortorexia, que é uma obsessão patológica por alimentos considerados “saudáveis”, levando a comportamentos restritivos extremos e exclusão de grupos alimentares essenciais, e o Transtorno de Evitação/Restrição de Ingestão de Alimentos (ARFID), que é caracterizado pela restrição extrema de alimentos devido à aversão a texturas, cores ou características específicas dos alimentos.

Por fim, o Transtorno de Compulsão Alimentar envolve episódios recorrentes de ingestão excessiva de alimentos em curtos períodos, acompanhados de sentimentos de falta de controle.

A busca por ajuda profissional é essencial para aqueles que enfrentam essas questões, uma vez que somente um tratamento adequado pode proporcionar a recuperação e devolver a qualidade de vida ao paciente. É importante compreender que a beleza real reside na aceitação de si mesmo e na valorização da diversidade.

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